sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mochila para todos, já!

Eu vou usar a Psicanalise dos contos de fadas e o um capítulo do Livro Fadas no Divã pra fazer uma analogia entre a história de Rapunzel (a garota presa na torre) e a Alienação Parental.

‘A feiticeira deste conto é muito diferente das ogras devoradoras de criancinhas e das bruxas más de outros contos de fadas, ela se comporta como UMA VERDADEIRA E ATENCIOSA MÃE, porque, simbolicamente a mãe biológica e a Bruxa são a mesma pessoa. A mãe se ‘transforma’ em Bruxa no momento que o pai da menina não atende mais aos seus desejos.

O pai dessa história ‘paga’ com o apagamento de seu personagem o preço de ser menor que as exigências de sua mulher. Ela queria algo que a satisfizesse, mas não bastou a primeira leva de vegetais roubados do jardim da bruxa. A continuidade da exigência é o que permite que a mãe se transforme EM BRUXA, CRIANDO ESSA FILHA QUE ELA COBIÇOU PARA SEU USO PESSOAL E INTRANSFERÍVEL!

Ela viu o pai da criança como fraco quando ele se negou a satisfazer seus insaciáveis caprichos e à partir desse momento a filha vira seu OBJETO DE SATISFAÇÃO. A mãe agora transformada em bruxa anuncia ao pai o vínculo simbiótico que irá ter com a filha e que, logicamente, o EXCLUI’.

Depois do pai ter sido subjugado pela Bruxa, Rapunzel será seu USUFRUTO PESSOAL.

A MÃE ficou fascinada com essa possessão: a menina ao nascer era incapaz de andar com as próprias pernas, locomovia-se aderida ao seu corpo e alimentava-se no seu seio e será amada enquanto continuidade de seu corpo, enquanto NÃO AMEACE CAMINHAR PARA LONGE DELE.

A FÚRIA DA BRUXA é sempre o resultado de sentir-se invadida, é egoísta e seus atos malvados são consequência do medo de ter que compartilhar a filha.  Ela vocifera contra quem ousa se aproximar da torre. Se a deixassem em paz aparentemente não faria mal a ninguém. Provavelmente a chamamos de bruxa por falta de uma palavra melhor para uma mulher intransigente e individualista.

A Bruxa quer a satisfação de seu desejo num esquema de tudo ou nada: ama a criança SOMENTE se esse afeto lhe for EXCLUSIVO!

A Bruxa, além de querer a filha totalmente para si, QUER CRER QUE É TUDO PARA ELA.

A torre é comprada ao útero e fora dele ‘não há vida’. O pai sai de cena no segundo parágrafo da história, porque a mãe não suporta que alguém se interponha entre ela e a filha.

A marca registrada do conto é o exílio na torre sem portas. A Bruxa prefere manter a menina na clausura que vê-la correr pelos bosques. Rapunzel enfrenta a ira dessa mulher possessiva que vê o crescimento da garota como possibilidade de abandono.

O paraíso é para mãe possessiva o que ela dá ao filho, ou a COMPLETUDE que sua relação estabelece.  Ela quer a criança para ela e não está disposta a compartilhar, esse é um desejo SEM negociação.

A história de Rapunzel é profundamente ligada à trama do filho como possessão materna.
ENCLAUSURADA na torre sem portas a moça não pode sair e o acesso da mãe dá-se através de uma continuidade corporal: um pedaço da filha que se estende a pedido da mãe e garante a ligação da dupla. As tranças são um tipo de cordão umbilical.

O amor simbiótico não tem portas. Como vencer a bruxa e aprender a viver independente, fora do castelo e da torre?

A Bruxa quer ser a possuidora exclusiva da criança e têm o aval do judiciário, pois mesmo após a aprovação da lei que torna REGRA a aplicação da Guarda compartilhada, muitos juízes e desembargadores insistem em conceder a guarda unilateral que em cerca de 90% dos casos são da mãe.

Muitos magistrados se colocam no lugar de psicólogos sem terem essa formação e não compreendendo a importância do convivo com ambos genitores em tempo equilibrado para o desenvolvimento psico-afetivo-emocional, fazem um desserviço às crianças pelas quais deveriam zelar ‘pelo melhor interesse’.

Um exemplo clássico desse desconhecimento no campo da psicologia é dizer que ser “filho mochileiro” causa ‘prejuízo’ para criança.

“Essa história de criança que fica segunda, terça e quarta com o pai, quinta, sexta e sábado com a mãe é a história do filho mochileiro. O filho mochileiro que entra na casa da mãe na segunda e sai na quarta. Entra na casa do pai na quinta e sai no sábado e no domingo ele diz: - Tchau, fui! E vai viver a vida dele. Que mundo a criança vai viver? No mundo da mãe e seus amigos? Quais são os amigos da criança, aqueles que ele tem no ambiente materno ou aqueles que ele tem no ambiente paterno? Será que é razoável ele ser o filho mochileiro que escolhem o dia que ele vai dormir na casa de ‘A’ ou de ‘B’” (Estou avaliando com meus advogados se posso citar o nome do autor dessa frase)

Pergunto:

Será mais razoável o filho ser mochileiro ou ser Rapunzel enclausurada na torre?

Tem pais que há 451 dias sonham em ver uma ‘mochilinha’ ser jogada no sofá. Outros estão esperando há 730, 1095, 6000 dias.........enfim, como bem disse um amigo: esses são tristes recordes que ninguém quer vencer.

Mochila é em psicanálise um objeto ‘continente’, contém felicidade para pais e para filhos.

A mochila é sinônimo de alegria. Quem já não foi invadido pela animação de arrumar a mala para ir ao encontro de quem se ama?

Mochila é sinônimo de bem estar, de contentamento! Sinônimo de euforia e prazer!

Dá gosto e entusiasmo arrumar a malinha para passar uns dias com papai ou mamãe. Pega isso, pega aquilo, ai que contentamento! Xi, esqueci uma coisa, abre a mochila de novo, que diversão! Corre, fecha o zíper, vai cair tudooooooo, que farra!

A mochila é nossa companheira antes mesmo da nossa chegada ao mundo. Ela vai para maternidade antes de nós e cheia de roupinhas lindas carregadas de esperança e de muitos anos de vida. Ela vai pra casa da vovó e vai pra creche com a gente. Depois na escola é nossa colega: carrega conhecimento, cadernos, livros, canetas.

Quando os papais ainda são casados arrumam nossa mochilinha para primeira noite fora de casa: - Oba! Vou dormir na casa do priminho! Tempos depois, mochila maior pra casa de campo dos amigos.

A mochila está sempre nas costas. Ela não pode faltar nas ocasiões esportivas, nas viagens de final de semana, na universidade, numa ida ao mercado.....Mochilas tem histórias! Ah, se as mochilas falassem....quantos segredos não revelariam?

Para o ‘filho mochileiro’ não é só roupas que a mochila contém. Ela contém a ansiedade do reencontro. Ela contém amor, contém desejo de convivência. Contém a paz de poder amar os dois genitores.

Uma mochilinha nas costas transitando entre duas, quatros, seis, oito casas isso sim é o melhor interesse dos filhos. DIREITO DE IR E VIR É O MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE!

Sem essa de filho Rapunzel. Se a lã não pesa para o carneiro, por que a mochila pesaria para o filho?
Lei da Guarda compartilhada na integra e mochila para todos!



2 comentários:

  1. Liliane Santi, seus trabalhos de análise de comportamento são pautados pela seriedade e imparcialidade. Sua atividade está ligada à busca de eliminar os conflitos e uma reeducação de pessoas. Com isso, seu dia-a-dia é "cutucar o formigueiro", tira os alienadores da zona de conforto, e estes miseráveis se incomodam com seu trabalho. Aos incomodados, que mostrem sua cara para o debate franco. O trabalho da Liliane e todos os profissionais que combatem a Alienação Parental VAI CONTINUAR. Aos que ofendem anonimamente, só mostram o quanto são covardes e doentes. Estamos contigo Liliane Santi, e esperamos que os alienadores mostrem sua identidade. Parabéns Liliane, permaneça forte, quando alguém lhe provoca, é sinal que seu trabalho está no caminho certo.

    ResponderExcluir