domingo, 31 de janeiro de 2016

O Salvador da Pátria.



Diariamente pais, mães e avós me procuram in box pra dizer que estão doentes por causa da alienação parental.
Muitos além da saúde perderam o emprego a vida social e a vontade de viver.
Essas pessoas não têm mais fontes de satisfação, não conseguem elencar nem cinco estímulos externos que não estejam ligados ao filho e que tragam sensações positivas.
 Relatam que nenhuma prática lhes trazem bem estar ou convivências satisfatórias se a criança não estiver inclusa.
Sentem vazio e desânimo. A depressão parece ser o quadro mais comum. Nada mais dá satisfação interna e o amor próprio parece ter morrido.
“Excessos” podem aparecer quando temos apenas uma fonte de prazer. A pessoa pode passar a comer demais, beber demais, comprar demais, falar demais, na tentativa de preencher o vazio da sua existência.
Um filho não pode ser a única fonte de satisfação.
Freud nos ensina que, assim como um negociante não cometeria a insensatez de empregar todo seu capital somente num tipo de negócio, a própria sabedoria popular nos alerta a não depositar nossa expectativa de felicidade e de satisfação numa única aspiração.
A alienação parental entorpece, mas temos que lutar contra esse estado de torpor que parece deixar num “coma”. A consciência do alienado se altera e sofre várias modificações que em casos extremos parece uma “morte cerebral”. Assim, o torpor é uma das fases da obnubilação da consciência.
‘Obnubilação da Consciência é uma alteração da consciência e se caracteriza pela diminuição da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das impressões sensoriais. Há ainda uma lentificação no ritmo e alteração no curso do pensamento, prejuízo da fixação e da evocação da memória, algum grau de desorientação e sonolência mais ou menos acentuada’ o que prejudica a vida profissional e social do alienado.

Podemos conhecer o alienado compulsivo, o que só pensa no filho e em nada mais, pela expressão fisionômica, pelo sentimento de sofrimento, inquietação, ansiedade, depressão, irritabilidade e principalmente por não falar em nenhum outro assunto que não seja a criança.
Os comportamentos compulsivos ou aditivos são seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia.
Sabemos que ler artigos, ver vídeos, falar com advogados, psicólogos, conversar com pessoas de grupos que passam pelo mesmo problema é reconfortante, mas o alienado há de se cuidar para não cometer exageros.
Em meio a toda desgraça gerada pelos atos de alienação parental existem outras pessoas, muitas vezes os pais, irmãos, novas esposas ou maridos, novos filhos, trabalho, atividades sociais como casamentos, aniversários, churrascos, mas genitor alienado se esquece de todos à sua volta e fica fixo no filho ausente como se sua obsessão o pudesse trazer de volta.
Eu sei que falar sobre o problema e ser entendido traz alivio ao desprazer vivido no cotidiano, por isso, tantos alienados passam dias e noites na internet pesquisando e falando sobre o tema.
O problema é que em busca desse alivio momentâneo, pela forma frequente, repetitiva e excessiva o sujeito acaba sendo visto por sua parentela como ‘chato’.
É como se o alienado tivesse um sentimento de ‘culpa’ e não pudesse ser feliz, nem ao menos ter momentos felizes. Seria um ‘pacto’ que o sujeito desenvolve com a alienação e não se permite ou não consegue se desvincular dela um só minuto?
Quando o alienado chega ao ponto de destratar novo/a companheiro/a por causa do filho ausente, é a vitória da alienação parental, que conseguiu manter o genitor afastado prisioneiro de si mesmo.
Minha proposta é igual à da guarda compartilhada: EQUILIBRAR O TEMPO entre família, pai, mãe, avó, nova/o esposa/o, novos filhos, amigos, vida social, trabalho, processos, amigos do Face e informações jurídicas e psicológicas sobre alienação parental.
As crianças precisam de pai e mãe saudáveis emocionalmente e ninguém pode ser saudável sendo obsessivo.
Um filho não pode ser uma Tábua de Salvação e é necessário que alienados tenham outras fontes de satisfação para não enlouquecer.
Quais têm sido suas fontes de satisfação?
Como está seu amor próprio?
Como está o seu relacionamento com sua mulher ou marido atual?
Como está o seu relacionamento, amor, zelo e cuidado pelos filhos do novo casamento?
Por causa de uma criança você abandona as outras, perde contato com seus pais e está quase se separando?
Perdeu a motivação para trabalhar ou até mesmo perdeu o emprego?
Calma, pare, reflita, repense. Você tem que encontrar novas fontes de prazer além do filho alijado. Sei que não é fácil mudar o foco, mas é necessário. Exercite-se, empenhe-se e faça por dia 3 coisas que não faz há tempos, por exemplo, vá caminhar com quem faz parte de sua vida hoje, vá ao cinema, vá tomar sorvete, visite um museu, vá tomar café na casa da mãe, ligue para uma tia distante.......
Não dá para ficar saudável emocionalmente com uma única fonte de satisfação da qual você está distante. Outras relações pessoais também devem trazem a troca de energia que inspire segurança, autoestima e alegria de viver.
A luta contra a alienação parental deve ser produtiva e equilibrada.
Zele pela sua família atual, ela não pode ser esquecida, pois, mesmo que você não perceba são eles que te apoiam na luta do dia a dia. Ame seus novos filhos e seus novo/as companheiro/as sem moderação, eles não são culpados do filho do relacionamento anterior estar ausente. Visite os amigos, vá até uma pracinha e sente-se num banco para curtir o vento, seja voluntário num hospital, numa ONG, aprenda a pintar quadros, faça algum curso, volte a estudar, enfim, encontre uma outra fonte de satisfação para sua vida, pois, todo ser humano feliz e produtivo soluciona os problemas com maior eficácia.
Ficar aprisionado no quadro da alienação parental, não só adoece ao alienado como também a todos no seu entorno, é como ficar o dia sentado numa cadeira de balanço: ela te distrai, mas não te leva a lugar algum.
Desejo sucesso na divisão de tempo. Não é só o filho ausente que precisa de atenção: amor compartilhado em tempo equilibrado pra todos!





quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

'O pai, eu te amo você na minha vida'.



Vou transcrever um áudio que recebi essa semana para mostrar a todos a diferença entre Alienação Parental e Síndrome da Alienação Parental.

A síndrome de alienação parental (SAP), ao contrário da Alienação Parental, só se faz presente quando a criança passa a nutrir sentimento de repulsa ao genitor alienado, a recusar-se a vê-lo e, ainda por cima, a contribuir na campanha difamatória contra ele. Portanto, a Síndrome da Alienação Parental nada mais é do que resultado de Alienação Parental severa, sendo considerada um subtipo de alienação parental. Assim, a síndrome refere-se à conduta do filho, enquanto a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor”.

O garotinho em tela é vítima de pesada alienação parental, é vítima de guarda unilateral materna.
Ele é vítima de psicólogos que o afastaram do pai por acharem que relacionamento harmonioso entre pai e mãe é condição essencial para a fixação da guarda compartilhada. Ele é vítima de quem diz:

“Nesse momento, a guarda compartilhada não atenderia aos interesses do infante, que ficariam prejudicamos pela falta de disponibilidade momentânea das partes de se entenderem sobre as questões relativas aos filhos. Acreditamos que inicialmente a guarda de “Anjinho” deva permanecer com a requerida, fixando-se as visitas do requerente aos filhos”.

Mas as ‘visitas’ recomendadas nem chegaram a acontecer, porque o pequeno menino foi ‘vítima’ de Medida (DES)Protetiva baseada na Lei Maria da Penha e foi vítima do judiciário e assim o tempo passou e o divórcio dos pais passou a ser um “mistério” que o mantinha afastado do genitor.
Por falta de bom senso da genitora, “Anjinho”, ficou sitiado pela vontade da mãe e consequentemente alijado do pai.

“Anjinho” tinha tudo para estar acometido pela síndrome da alienação parental, pois, posso afirmar que a mãe por quase dois anos se utilizou de todas as armas para apagar o pai do imaginário do filho. Fez todas as tentativas possíveis para impedir qualquer tipo de contato e CONSEGUIU, só não conseguiu destruir os laços de afeto com o genitor, que estão totalmente preservados, como veremos à seguir:

A Medida Desprotetiva acabou e pai pôde ligar pra filho. Peço uma gentileza: esqueçam dos olhos e leiam com o coração, pois, essa é a única maneira de escutar o que os “Anjinhos” falam com a alma.

Ele tem 3 aninhos de idade e fui fiel à sua pronúncia.

- O pai, depois que resolver esse mistério (o porquê de não poderem se encontrar) eu vou ai e ai....hoje e amanhã eu vou ai.

- Pai, então, eu já vou por roupa, um sort (short), um tênis, um colete meu e depois eu já vou ir ai, tchau, tchau, vou ‘i’ (ir) ai

- Eu tô com saudade de você......sabia que eu já sei equilibrar a bola no braço?

- O pai, você quer um colete de apito ou sem apito?

- O pai, tá tudo bem?

- O pai, eu falei pra minha mãe que você é só amigo da minha mãe, eu falei.

- O pai, você tá dormindo sozinho? Pai, você tá dormindo sozinho?

- Amanhã eu vou ‘i’ (ir) ai, quer?

- Oh, se você afogar eu vou pular no rio e vou pegar você pra te resgatar.

- Pai sabia que eu escorregava no escorregador, você lembra que você me pegava?

- Depois eu ia cair no fundo e depois se você não estava pra me segurar eu ia afogar.

- O pai, sabia que eu vou ir na piscina e você vai encher bem minha boia pra eu não afundar. Se você tá afundando, se você me chamar que está afundando, assim: ‘Tocorro’ (Socorro), eu vou, eu vou mergulhar no fundo, eu vou mergulhar e vou te resgatar.

- Pra sempre eu vou ficar com você, pra sempre. Vinte vezes. Vinte vezes! Vinte vezes!

- Eu tô quase a andar de bicicleta sem rodinha, sem rodinha! Se eu vou cair eu chamo e ai você me segura.

- O pai, sabia que eu vou ‘i’ ai? Eu vou ‘i’ ai. Quando resolver esse mistério nós vamos ficar de volta ai.

- Você compra minhas coisas que tá ai. Eu vou comprar uma lâmpada do Batman ‘pa’ você, não do Hulk, não, um Homem de Raio!

- Sabia que ele, ele lança raio com o peito.

- O pai, sabia que eu vou arrumar uma piscina que vira ‘cororido’, quando você acaba de entrar, você fica ‘cororido’. Nós vamos montar, espera ai, que nós vamos montar.

- O pai, sabia que eu mudo de voz? Eu tenho um botãozinho que ninguém vê e daí eu mudo de voz. Viu?

- Alô pai, depois eu vou ‘i’ ai.

- Na hora se você ‘quisé’ que eu te busco ai eu pego o carro da minha vó e pronto eu já vou te buscar.

- Quando resolver esse mistério a minha tia vai estar ai, minha vó vai estar ai, a que limpa a roupa vai estar ai.

- Pai, sabia que eu vou ai? Depois eu vou ‘i’ ai.

- Logo, logo nos vamos resolver esse mistério na mão de Deus, na mão de Deus, na mão de Deus é só confiar nos anjinhos, no papai do céu.

- Tchau, beijooo Eu te amo muito. Oh meu coração tá batendo só pra você, só pra você, pra tia... , pra você, pra tia.....

- O pai, o pai, sabia que eu vou pular igual o homem aranha.

- O pai a minha mãe não queria, então, a minha irmã não quer falar. Ela não tá fazendo nada, mas não quer falar.

- Pai vamos fazer isso de novo, jogar snook?

- Oh, nós vamos mudar pra sua casa. Eu vou dar outro nome para meu cachorro: Thor.

- O pai você compra um cachorro Capitão America pra mim? Eu já vi na televisão.

- Eu vou comprar um batom verde só de menino pra você, pra menininha nenhuma. Pra quando você tiver um machucado na boca, daí você passa um batom verde, do Hulk.

- O pai, eu te amo você na minha vida pai. O pai você e meu amor. Você é meu amor pai, meu amor, meu herói, só sei que você é meu amor.

- Pai, não precisa falar quando você quer que eu ligo pra você, eu pego o celular da minha mãe e ligo pra você. Oh, você fica dormindo e quando ficar cedo eu ligo pra você.

Confesso que todos os áudios que recebo me sensibilizam, mas esse foi muito especial, porque é a vitória do alienado contra o alienador. Anjinho e sua irmã passaram por um processo massacrante, mas ele não desenvolveu a síndrome e a irmã sim (tanto que ela não quis vir falar e tem também outras evidências que estão no processo, mas que por sigilo não posso citar).

Tudo que “Anjinho” diz é muito simbólico pra todos nós que vivemos no submundo da alienação parental. Ouvir o que ele fala é como tomar o elixir da felicidade e da esperança. Nem tudo está perdido. Um amor que todos pensavam estar abafado veio à tona em alto e bom som.

O pai, eu te amo você na minha vida pai. O pai você e meu amor. Você é meu amor pai, meu amor, meu herói, só sei que você é meu amor’.

‘Se você afundar eu vou te resgatar. Pra sempre eu vou ficar com você e...se eu cair você me segura’.
‘Quando acabar o mistério nós vamos ficar de volta aí e vamos lançar um raio ‘cororido’ com o peito’.
‘Pai, o meu coração tá batendo só pra você’.

Esse menino é uma das grandes surpresas boas que me aconteceram na vida. É para que os “Anjinhos” amordaçados possam falar que trabalho noite e dia sem me cansar. É por eles que sou imparcial nos Laudos, Relatórios e Avaliações.
Desejo a todos pronto restabelecimento de contato com os filhos ausentes.
Um abraço ‘cororido’ desse meu peito de aço que se desmancha todinho ao ouvir:
‘O pai, eu te amo você na minha vida pai”.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Da paternidade à paternagem: quando os meninos viram homens.


Em meio a tantas desgraças que acontecem no submundo da alienação parental tenho encontrado muitas alegrias. Parafraseando a juíza Drª Ângela Gimenez: “me sinto honrada, lisonjeada e agradecida” pela confiança em mim colocada.
Hoje quero escrever sobre os ‘meninos que se tornaram homens’ através do exercício da paternagem.
Para ser pai não basta saber que é o pai biológico: é necessário conhecer o filho e a relação com ele.
Alguns rapazes solteiros que tiveram breve relacionamento com a mãe da criança, se ‘intitulam’ pai. Mas como a criança está alijada de seu contato, somente são pais porque seu espermatozoide esteve envolvido na fecundação de um óvulo, registrou o filho e nada mais.
 Paternidade significa um homem que se tornou pai biológico de alguém.
Muitas vezes são as avós que me procuram para contar a história e tomam a frente das negociações, e neste momento vejo o pai como um ‘menino’ tímido sem voz.
No decorrer dos encontros pergunto ao pai se ele quer exercer a paternagem ou está entrando com Ação de Regulamentação de Visitas à pedido de seus pais.
Uma vez o sujeito dito: - “É de minha livre e espontânea vontade......”, é hora de transformar o menino em ‘homem-pai’.
A paternagem significa se tornar importante e fundamental para o filho. Paternagem, diferentemente de paternidade, que pode acontecer com qualquer animal ou por ‘descuido’ no humano, vem do amor, da aceitação de todas as mudanças que a chegada de um filho representa na vida do homem, da busca de um novo papel masculino e do desejo puro e simples de que o filho cresça feliz e saudável.
A paternagem NÃO ocorre por acaso: ela é fruto do envolvimento ativo na busca por ser pai. Paternagem necessita de participação ativa na constituição emocional da criança e também no cuidar de suas necessidades básicas como bem-estar físico, higiene corporal, atividades lúdicas, alimentares, etc.

Então, recapitulando: paternidade pode simplesmente acontecer: por não planejamento reprodutivo, por absoluto descuido, por achar que o controle reprodutivo é função exclusiva da mulher (o que não é!). Paternidade é algo do domínio do biológico e pode acontecer com qualquer um, até com os invertebrados. Paternagem é algo do domínio do afeto, da escolha, de princípios éticos e morais, da humanidade, da reflexão, da presença, do envolvimento emocional, do sentir aquele ser que se escolheu criar como parte de si, do querer que ele cresça e se desenvolva pleno, saudável, íntegro, justo e convivendo em tempo equilibrado com ambos genitores.
Paternagem requer AMADURECIMENTO. Requer que o homem se liberte de pensamentos antigos de que ele é apenas provedor de sustento.
Muitos dizem que a vida é um palco e somos os atores. Na dinâmica familiar não há papéis principais mas, sim, participações conjuntas. Sem protagonistas. Sem coadjuvantes.
Que é o que se busca com a guarda compartilhada? Se busca o empoderamento coletivo: ‘um lugar onde todos assumam seus papeis enquanto indivíduos plenos, sem que seu protagonismo represente a opressão do outro’.
Eu quero dar meus parabéns especialmente para dois pais aos quais estou enviando esse texto in box. É lindo e emocionante ver o amadurecimento de vocês. Me sensibilizo e vejo que minha luta vale à pena a cada áudio, mensagem ou foto que me mandam com as descobertas que fazem da paternagem.
- “Minha filha disse que quer ficar aqui. A senhora precisava ver o jeito carinhoso que ela me trata e disse que me ama”. Foi uma SENSAÇÃO incrível ouvir isso.”
- “Doutora, estou fazendo os desenhinhos com ela. Já dei o remedinho, passei pomadinha nela, troquei fralda”.
- “Doutora, aprendi a passar o brilhozinho que minha filha gosta, acho que se chama Gloss”. É muito, muito especial ser pai de menina.
- “Precisa ver, a mamadeira que eu faço, ela toma tudinho!”.
Minha luta pelo restabelecimento dos laços entre crianças e genitor ausente se enche razão a cada convite de aniversário que recebo, a cada convite para o ‘primeiro almoço em família’ ou para a ‘festa do pernoite’ com direito a bolo e tudo mais, em que no convite diz: - A senhora fez parte dessa conquista.
Vocês são minha inspiração e energia. Curtam ai as maravilhas da paternagem. Um grande abraço pra vocês que há quatro meses atrás eram meninos e hoje são homens. Me sinto muito orgulhosa e com missão cumprida. Meus respeitos a vocês que ‘fizeram a lição de casa certinha’. Nota 10 com Louvor e um abraço grande.
Guarda compartilhada em tempo equilibrado para todos!
Chega de empoderamento unilateral.
Tanto no palco da vida como no coração das crianças tem lugar pra todos. Não aceitem papéis secundários, pois não há genitor de primeira ou segunda grandeza!
 Forças e êxito na luta de cada um de nós!



sábado, 16 de janeiro de 2016

“Mãe-avó”.


Nossos filhos não são ‘nossos filhos’, são filhos ‘da vida, do mundo’: eles não nos pertencem e depois de nascidos, existem e sobrevivem independente de nós. Nossa função é orientá-los e educa-los para que sejam seres autônomos.

Se nem nossos filhos ‘são nossos filhos’, muito menos nossos netos são nossos filhos.

Dia desses uma avó bem simplesinha me disse:

“Dona, ser avó, não é igual ser mãe de um filho próprio”.

Achei essa frase espetacular. Ela definiu muito bem o que confunde muita gente. Avós podem até fazer a função materna, mas nunca podem ocupar o lugar da mãe no emocional do neto.
Muitos avós acham que a/os filha/os não estão preparados para criar os seus próprios filhos e aí eles tentam “poupá-los do trabalho árduo” e da responsabilidade de criar as crianças. Alguns filhos que se acham sem experiência ou sem maturidade para se assumirem como pais acabam passivamente delegando a função de pai ou mãe para os avós do filho.

Avós deveriam ser reconhecidos pela transmissão de conhecimentos, valores, afeto e autoridade dentro da família e da participação na vida dos netos. Porém, a responsabilidade e obrigação de educar é papel primordial dos pais.

Apesar da responsabilidade pela criação sendo reconhecidamente dos pais, a criação das crianças é marcada pelas presenças femininas além das mães. Avós incorporam a responsabilidade materna, quando os filhos, por algum motivo, não assumem seus próprios filhos (muitas vezes por gravidez precoce, utilização de drogas o excesso de bebidas alcoólicas, alguma doença ou por comodismo mesmo).

Quando o filho ou filha é solteiro e mora no mesmo domicilio ou reside em casa próxima, os avós, mais precisamente as avós, participam dos cuidados do neto antes mesmo de assumirem definitivamente a criação dos mesmos. Isto ocorre devido a disponibilidade para exercer a função de cuidadora durante o período de trabalho dos pais da criança, ou por puro desejo de ser “mãe” novamente “com o propósito muitas vezes inconsciente de terem uma nova chance de ‘não errar’ ou corrigir algum erro que imaginam ter cometido ao criarem os próprios filhos; ou para ‘evitar’ que os filhos criem os seus netos de uma forma que não consideram correta; ou ainda numa tentativa de resgatarem em si mesmos a fase de juventude na época em que eram pais”.

Nas famílias formadas por três gerações em residência conjunta, pelo fato de as genitoras serem mães solteiras ou de um dos genitores ter se separado e retornado à casa dos pais, a avó parece atuar com mais proximidade na criação dos netos. Nesses casos, os pais geralmente são considerados pelas avós, despreparados para a função materna ou paterna. Elas muitas vezes se justificam acusando filha/o de irresponsável. Infantilizam os filhos e os desmerecem como pais.

As mulheres costumam ter participação ativa na vida familiar ao longo do ciclo vital e essa participação é renovada quando se tornam avós.

A maternagem dos netos pode ser considerado uma fonte de renovação e renascimento, possibilitando a chance de repensar antigos conflitos.

Além disso, o futuro genético representado pela chegada da criança, em meio às tarefas de aposentadoria, doenças e perda do cônjuge, traz à mulher uma nova importância e utilidade e os netos têm o poder de reavivar desejos, sonhos e ideais adormecidos.

Mas e quanto aos resultados da criação dos netos para as avós quando elas são cuidadoras integrais?

Segundo estudo realizado por Lopes, Neri e Park (2005), ressaltam que: ‘a maioria dos estudos sobre o tema apontam para os efeitos negativos sobre diversos âmbitos da vida das avós que criam os netos, como: sobrecarga financeira, conflitos com os filhos devido à divergências na educação das crianças e às vezes pela custódia legal dos netos. Além disso, queda na qualidade de saúde física e emocional das avós, com incidência de depressão e baixa saúde percebida, interferência na vida social e familiar, cansaço e esgotamento emocional”.

Avós que se disponibilizaram a cuidar dos netos mais ativamente, aumentam a probabilidade de que os pais não assumam ou assumam parcialmente as funções parentais e isso dia mais, dia menos não dará certo!

Um dia a filha/o amadurece, se casa ou recasa, muda de casa, de cidade, de estado e o neto se vai. E ai, o que acontece, como se sentem as avós que assumiram o lugar de ‘mães’ de seus netos?

Quais serão as consequências para a vida dessas mulheres e para os netos?

Quais as implicações da criação dos netos pelas avós?

Quando uma avó assume a criação do neto, estabelece-se uma configuração familiar específica e que merece atenção.

Um fenômeno idêntico ao do divórcio acontece quando o filho/a que a mãe julgava infantilizado resolve sair de casa e levar consigo o próprio filho. A avó ou os avós iniciam uma verdadeira batalha, muitas vezes judicial contra o filho/a, porque se acha ‘mãe’ do neto e quer mantê-lo em sua residência.

Iniciam-se, então, os atos de alienação parental de uma parte ou de outra, ou de ambas. Avós querem que o judiciário lhes assegurem o direito de serem ‘mães’ dos netos e filho/as querem começar a exercer a paternagem ou maternagem e a criança fica no centro dessa disputa entre mãe e filho/a.

A criança sofre, porque, fica confusa, reconhece na avó o papel de mãe e vê a mãe ou pai biológico como um irmão ou irmã mais velha.

Não é indicado que avós sejam os educadores permanentes de referência. Pais devem se responsabilizar pela vida e educação dos filhos e os avós deve ser apenas um ‘Pronto Atendimento’.
Quando pais saem da casa da infância deixando a ‘avó-mãe’, o neto “promove a DESUNIÃO” entre pais e filhos, mais comumente entre mãe e filha e como em casos de separação criança passa a pagar o ônus dessa desunião e se vê forçada a estabelecer o pacto de lealdade com genitor guardião.  

A fim de se evitar isso o ideal é manter o relacionamento entre avós, pais e filhos no lugar certo. “Pais cuidam de seus filhos do mesmo modo que foram cuidados por seus pais! Os netos visitam os avós, estabelecendo com eles vínculos de amor, admiração e respeito, sem que isso signifique que são responsabilidade dos avós. Pais criam seus filhos, assumindo a responsabilidade à qual se destinaram ao decidirem ter filhos. E, eventualmente, quando for necessário, os pais recorrem à ajuda dos seus pais, reconhecendo o favor e agradecendo com compreensão, respeito e afeto”, (Edel Ferreira).

A criança não pode ser usada como bode expiatório. A criança é inocente. Não foi a causadora e muito menos idealizadora da desavença, da discórdia, da rixa entre sua mãe e avó. Não pode ser responsabilizadas por ‘culpas alheias’.

A única saída para essa situação é a ‘mãe-avó’ se harmonizar com a filha/o através de mediação/conciliação, para que possa rever seu papel e retomar o contato com netos de forma equilibrada e saudável.




terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A estreita janela da lembrança.

Hoje resolvi escrever para uma série de genitores que tratam os filhos já crescidos de modo infantilizado.

A maioria dos adultos tende a alterar a fala quando interage com bebês, mudam a entonação da voz e dizem as palavras mais pausadamente, forma de expressão chamada tatibitate, também conhecida como ‘mamanhês’, ‘papinhês’ ou ‘nenenês’, mas tem genitores falando para crianças de 5, 6, 7....10 anos:

- “Totoso”;
-  “Xerosim do papai/da mamãe”;
- “Té papá, nenê?”;
- “Té nana?”,
-“Pincípe, pincesa’, entre outras.

Os genitores devem fazer o filho crescer bio-psico-emocionalmente e não fazerem a manutenção de comportamentos de quando eram bebês.

Tenho estudado o fenômeno e estou levantando hipóteses de que genitores alienados param no tempo em que moravam na mesma casa que a criança.

Poderíamos resumir o drama do adulto da seguinte forma: um dia a realidade da alienação parental o atingiu intensamente, abrindo feridas profundas e difíceis de fechar, alijando-o do filho.

Frágil, perdido e impotente, paralisou no tempo e não pôde prosseguir o acompanhamento da evolução da criança.

Quando consegue algum contato com o filho anos mais tarde, vê que o corpo da criança cresceu, mas o genitor que passou tempos ausente continua sentindo e percebendo o filho pela estreita janela de suas lembranças de quando conviviam diariamente.

Mas o tempo passou.......e o relacionamento entre genitor ausente e filho fica desajustado: querem brincar de ‘faz de conta’ com mocinhas de 15 anos, colocar fraldas em crianças de 6, dar mamadeira para infantes de 11 anos.

Dia desses um pai estava procurando desesperadamente cartinhas de Pokemon, porque havia finalmente conseguido regulamentar as visitas, só que o rapaz já está com 16 anos e certamente tem outros interesses.

Parece que para ‘defender-se’ da dolorida ausência o genitor alienado cria fantasias, constrói ilusões, ergue muralhas e trava guerras imaginárias para sobreviver emocionalmente como se os anos não estivessem passando.

Suas dores e dificuldades acentuaram-se quando não consegue perceber que o filho cresceu e se tornou outra pessoa bem diferente daquela criança de outrora.

Cabe ao genitor sair do estado de inércia que se encontra, enfrentar sua dor e continuar. Necessita reconhecer que tem que se apresentar ao filho e iniciarem nova vida. Necessitam se conhecerem de novo. O filho ‘infantil’ não existe mais.  

Constantemente nos deparamos com a imensa dor daqueles que se sentem cansados, ‘perdidos’ e impotentes para enfrentar a própria realidade. Por vezes, lutam para encobrir, de si mesmos, as feridas latentes que essa ausência causou. Mas, para aceitar o filho crescido, é preciso ter a coragem de descortinar a realidade íntima e perceber que a infância está vencida e infelizmente o tempo perdido não volta mais!

Não adianta chorar o leite derramado, porque os dias só andam para frente.  O genitor ausente não vê a troca de dentes, o balbucio das primeiras palavras, os passinhos se firmando, a evolução da coordenação motora, a construção das frases com erros de concordância, o primeiro dia da escola, o batismo, a primeira comunhão, a formatura, os fios de bigode crescendo, a primeira menstruação....
Geralmente o adulto alienado quando volta a ter contato com filho desperdiça precioso tempo buscando culpados, quando seus esforços deveriam ser direcionados para resgatar a condição de pai ou mãe.

Muitos filhos alienados quando voltam para o convívio com genitor ausente, vem muito ‘revoltado’ e se achando senhor/as de si:

“Eu posso! Eu quero! Como ousa me contrariar?” Arrogantes, caprichosos, vaidosos e individualistas. Atropelam os outros e a realidade, para impor a sua vontade e mando. Não consideram, sequer, que o outro exista e possa pensar ou fazer diferente dele. Não aceita a autoridade do pai ou mãe que esteve ausente e não enxerga ninguém e nada, além de seus caprichos. Usam as pessoas para satisfação de suas necessidades, depois as descartam sem ao menos dizer: obrigado.

Os filhos rebeldes querem convencer o mundo, a qualquer custo, de sua verdade, não aceitando serem contrariados. Vaidoso, gostam de ser o centro das atenções e de ter o seu ego afagado e para isso eliminam o novo/a companheiro/a do genitor que esteve ausente, transformando a relação do casal num verdadeiro inferno.

Desejam ser servidos, e prontamente atendidos, em todas as suas necessidades, apresentando grande dificuldade para lidar com contrariedades.

Não cumprem as regras da casa, não aceitam limites e não querem responsabilidades. E é ai que entra o descontentamento dos novos companheiros do genitor alienado.

O genitor que infantiliza o filho com medo de perde-lo de vista de novo, deixa de colocar regras e limites e na casa ‘tudo pode’.

Criança precisa de educação, zelo, respeito, toque e carinho, e também disciplina ordenada, que é o sentido de organização pessoal. Criança precisa aprender desde cedo a agradecer a todos que lhe cuidam. Precisam aprendem a agradecer pelo bolo de chocolate feito pela esposa do pai, precisam agradecem a carona dada pelo marido da mãe, os presentes dados pelos avós, etc.

Não é bom tratar uma criança com mimos exagerados, pois ela se tornará um adulto extremamente exigente nos relacionamentos sejam eles amorosos afetivos, familiares, profissionais. Filhos precisam ser educados e estruturados para o crescimento e não para regressão.

Querendo agradar o filho em TUDO, certos pais/mães têm deixado os companheiros de lado nos dias de convivência com a criança.

Tem pais/mães mandando a/o nova/o companheira/o dormir no sofá para dar lugar na cama pra criança. Muitos vão para shoppings, parques temáticos, passeios de balão, de quadriciclo, tirolesa, finais de semana em chalés no campo e outros compromissos em dupla e se esquecem de agregar novo filho e ou nova esposa/marido.

Ser maduro é ter uma personalidade singular com boa capacidade crítica para separar o que é bom para si e para todos da família. Novos companheiros não devem ficar alijados do contato com a criança. Quem se casou tem uma nova família, muitas vezes com filhos e os irmãos devem fazer atividades juntos. Nada de se trancar no quarto para jogar vídeo game com o filho mais velho e deixar o outro chorado atrás da porta.

O mesmo conselho serve para agregar outros membros da casa. Tem gente usando a companheira para lavar, passar, cozinhar, limpar como se ela fosse empregada da criança, mas na hora do passeio a “Escrava Isaura” fica na senzala.

 Muitos genitores sequer permitem que a companheira/o possa entrar no próprio quarto para tirar uma soneca após o almoço, porque a criança quer, por exemplo, assistir filme na cama do casal.
Felizmente o humano é racional e pode mudar em qualquer época da vida. Se você está agindo assim, mude. Não cometa injustiças com seu/sua parceiro/a que é seu suporte emocional no restante dos dias do mês.

Seja o autor de uma nova história. Aja com seu filho de acordo com a idade cronológica dele. A infantilização é a negação da realidade é um artifício utilizado para fugir da "dor do crescimento", mas olhe ao redor e perceba que seu filho cresceu e não há mais necessidade de trata-lo como um bebê indefeso.

O papel do pai e mãe é de educar e orientar e é só ensinando limites que eles irão respeitar o novo espaço em que vive sua família extensa com meio irmãos, mãe e avós destes.
Não torne desconfortante um final de semana que deveria ser maravilhoso para todos. Reúna a família. Cada integrante deve somar e não dividir o amor.

Felicidades pra todos!