terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O vingador sem causa



Cresci ouvindo a expressão “rebelde sem causa” usada para definir jovens que se rebelavam sem terem a mínima ideia do porque ou sem deixar claro seus motivos, mas quando pensamos em adolescentes alienados o termo “vingador sem causa” cai muito bem.

Eles querem se ‘vingar’ do genitor alienado e nem sabe porquê. É ódio pra cá, ódio pra lá que nem o ‘vingador’ sabe explicar de onde vem.

Os rapazinhos parecem se alimentar do discurso do genitor guardião com quem se sentem visceralmente ligados como se fossem gêmeos siameses. O pacto de lealdade é tão intenso que uma imagem negativa do genitor ausente é absorvida por completo apenas pela fala do guardião.

O genitor alienante tem o poder de ‘abrir o cérebro’ do filho implantar falsas memórias e de uma hora para outra aquela coleção de mentiras passam a ser sentidas como verdades vividas e o adolescente vingador sem causa passa a odiar e a se distanciar de forma abrupta do genitor alienado.

O alienador impõe uma orfandade ao filho e este aceita sem questionamentos e como se fosse um menino robô mata o pai internamente e passa a viver sem ele ‘muito bem obrigado’.

A repulsa é internalizada pelo filho de forma categórica e no ápice do processo manipulatório a criança passa agir independentemente da influência do manipulador como se todas as mentiras e fantasias criadas pelo manipulador fossem espontaneamente construídas por meio de vivencias do próprio infante que DEFENDE o alienador com unhas e dentes.

De nada adianta perguntar para o ‘vingador sem causa’ o porquê de sua antipatia pelo genitor alienado ou por sua nova esposa, porque, ele não sabe responder. Seus discursos são pobres, repetitivos e superficiais, dando mostras de que o menor apenas repete algo que lhe foi dito inúmeras vezes. É como se de tanto ouvir tivesse decorado. Na verdade, ele “empresta” falas, lembranças, cenas, expressões que são do genitor alienador.

O filho vitima se identifica de tal maneira com o genitor agressor que recusa toda e qualquer ajuda exterior. Não adianta, por exemplo, pedir para avós, tios, primos (parentes do alienado) conversar com o pequeno ‘vingador sem causa’, pois, isso o deixará ainda mais irado.

Se perguntarmos para o ‘vingador sem causa’, porque ele não vai na casa do pai a quase três anos, ou, porque, não telefona ou não atente ligações ou não retorna mensagens, ele não saberá explicar e tentará a todo custo fugir da conversa.

Nas redes sociais encontramos centenas de fotos do ‘vingador sem causa’ abraçado de forma patológica com o genitor alienante. Muitas vezes parece mais pose de namorado ou de protetor do que de genitor/a – filho.

Reparem nos olhos dos vingadores sem causa. Eles perderam o brilho e são opacos. Será que isso é típico de meninos zumbis?

Mudanças bruscas no rendimento escolar estão por trás de quase todos os ‘vingadores sem causa’. Se estão na escola pública, só não reprovam, porque, o país tem uma maluca matemática que no final dá média para todos que fracassaram no ano letivo.

Dia desses um pai enviou o Boletim Escolar do filho. As notas de determinada matéria eram três no primeiro bimestre, dois no segundo, quatro no terceiro e três no quarto, totalizando 12 pontos que a escola deveria dividir por quatro e tudo que fosse média menor que cinco deveria reprovar o aluno, mas não é assim que acontece na prática. O adolescente teve seis matérias onde a soma das notas dava no máximo 15, no entanto, a escola fechou suas médias todas com notas cinco e ele foi aprovado para série seguinte e a escola chama isso de ‘avanços sucessivos e sem interrupções nas séries, ciclos ou fases’.

Os ‘vingadores sem causa’ ficam alterados psiquicamente e têm sentimentos de raiva, tristeza, agitação, e muitas vezes apresentam condutas delinquentes e agressivas. Ouvem músicas que são verdadeiras apologias ao crime, postam insultos e provocações ao alienado nas redes sociais, mas nem tentem responder, porque, o ‘vingador sem causa’ vai DEFENDER INCONDICIONALMENTE o alienador. O vínculo patológico entre eles não permite enfrentamento racional de nenhuma situação que coloque o alienador sob críticas.

Filho e alienador se tornam unos, inseparáveis. O acusado passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preço. Este conjunto de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de promover a destruição do alienado.  

Pobres ‘vingadores sem causa’ não podem exercer seu direito de amar os dois, de querer estar com os dois genitores.  São induzidos a excluir um de seu referencial de afeto e a considera-lo seu inimigo.

Incalculáveis e Inimagináveis são os dois adjetivos que melhor definem as consequências da alienação parental. Genitores amados antes do divórcio se tornam aberrações, monstros indignos de confiança e crianças ou adolescentes inteligentes e seres pensantes se tornam do dia para noite indivíduos com habilidade de avaliação restrita consequentemente um alvo facilmente manipulável, mas não se percebem influenciados.

O que será dos ‘vingadores sem causa’ quando com a maturidade vinda através dos anos vividos perceberem que passaram a vida se vingando injustamente?

Só o tempo dirá..........