quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quem é melhor o pai ou a mãe?


“Era uma vez uma agulha que disse a um novelo de linha:
- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, pra fingir que vale cousa nesse mundo?
-Deixe-me senhora.
-Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com ar insuportável? Repito que sim e falarei sempre o que me der na cabeça.
-Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa meu ar? Cada qual tem o seu ar. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
-Mas você é orgulhosa.
-Claro que sou!!!
-Mas por quê?
-Essa é boa! Porque coso. Então, os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que costura, senão eu?
-Você? Essa é melhor! Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?!
-Você fura o pano, nada mais, eu é quem coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados....
-Sim, mas de que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante puxando você, que vem atrás, obedecendo ao que faço e mando...
-Também os batedores vão adiante do imperador.
-Você, imperador?
-Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno indo adiante; vai mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisso, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou o pano, pegou a agulha, pegou a linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana- pra dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
-Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
A linha não falava nada, ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como que sabe o que faz e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura”.
Caros leitores, me digam: Quem é mais importante na confecção de uma roupa, a agulha ou a linha?
Fazemos uma peça apenas com uma ou outra?
Da mesma forma para construção de uma personalidade saudável, a criança necessita conviver com o pai e com a mãe. Ambos são igualmente importantes. Nenhum é mais que o outro. Cada um tem sua função na constituição do sujeito.
Nem mãe, nem pai podem desejar um espaço afetivo junto ao filho, exclusivamente seu, porque NÃO conseguirão “”costurar a roupa””, ela ficará apenas cortada pela tesoura do divórcio.
Agulha, você tem permitido que a linha alinhave o tecido?
Linha, você tem permitido que a agulha adentre ao pano permitindo espaço para que você costure?
A Guarda compartilhada com tempo equilibrado é a ‘linha na agulha’ cosendo orgulhosas o tecido juntas.
Não estraguem a ‘bela seda’ que têm nas mãos. O único jeito de transformá-la em uma ‘peça de roupa inteira’ é trabalhando juntas: linha e agulha! A briga de vocês está deixando o tecido no ‘balaio das mucamas’.





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