Trechos à
seguir e Estudo de caso foram retirados da Tese de Mestrado da psicóloga
clínica Heliane Maria Silva e mostram a que ponto chega a perversidade de uma "mãe".
“No campo da
violência infantil, a SMP (Síndrome de Munchhausen
por procuração) introduz
um sentimento a mais: o de incredulidade, inescapável a qualquer área do
conhecimento, visto que "os relatos de alguns casos chegam a soar
inverossímeis".
“Dentre as
características da mãe, apontadas pela literatura especializada, estão em destaque a calma frente aos
desconcertantes mistérios clínicos que o filho apresenta; a escolha por diagnósticos e terapêuticas
adicionais, independente do desconforto da criança, e a intransigente postura
diante dos resultados laboratoriais que não revelam sinais de patologia e ou
anormalidades”.
“Além disso,
a maioria dos agressores aparecem como
devotadas mães que não deixam a cabeceira da criança nem mesmo por breves
períodos, o que as permitem conquistar a admiração dos funcionários
e, comumentemente, estabelecem uma relação próxima e afetuosa com toda a
equipe de saúde, cooperando e incentivando a realização de mais exames”.
“Porém, as
gravações das imagens obtidas pelo serviço secreto de vigilância, dos hospitais
que contam com esse serviço, revelaram
que uma vez distante da audiência o comportamento amoroso de mãe dedicada dá
lugar a agressão, normalmente planejada e organizada: dirigida à criança, pois,
após levar a criança para internação hospitalar, 70% dos abusadores continuam a
induzir sintomas dentro do hospital.
A SMP é
também localizada no campo das
perversões. A relação da mãe
com a criança é sustentada por uma interação sadomasoquista em que a criança é
desumanizada pela mãe que a usa como um objeto fetiche para controlar suas
próprias relações interpessoais.
Paciente M.,
6 meses, feminino, etnia caucasiana, permaneceu no hospital por 75 dias. A
criança foi trazida ao nosso serviço pela mãe, com a queixa principal de parada
respiratória e "cianose" desde o nascimento. Na história da doença
atual o relatado incluiu tosse, febre e cianose de repetição. Nasceu de parto
normal a termo, pesando 3.380g, teste Apgar 09/10. Fez uso de leite materno até
os dois meses e vacina BCG realizada.
Na história
pregressa apresentou duas internações anteriores; a primeira por crises de
parada respiratória e cianose (dois episódios) com eliminação de sangue pela
boca e pelo nariz, permanecendo hospitalizada por 10 dias (aos dois meses de
vida); durante a segunda internação, por pneumonia, apresentou crises
convulsivas, sendo prescrito fenobarbital e suspenso em seguida da alta
hospitalar pelo pediatra do Posto de Saúde.
Na internação atual, apresentava regular
estado geral e moderada disfunção respiratória, sendo diagnosticada
broncopneumonia (BCP). No segundo dia de internação, apresentou a primeira
crise convulsiva (que não foi vista por médico ou enfermagem).
No 3° dia de
internação, o médico relata ter encontrado a mãe com um saco plástico na mão, e
a criança cianótica, sem ter relacionado causa e efeito. Criança foi transferida
para a UTI voltando à enfermaria 24 horas depois.
Esteve na
UTI internada por três vezes e sempre evoluindo muito bem, retomando logo em
seguida para a enfermaria. Na UTI a paciente dividia o quarto com outros e,
além de sua mãe, estavam presentes sempre outras pessoas (auxiliares de
enfermagem, pais e parentes de outros pacientes). Na enfermaria, ficava num
quarto privativo sempre em companhia da mãe.
Realizou
radiografia de esôfago-estômago-duodeno (REED), que demonstrou um refluxo
gastro-esofágico amplo, estudo de pH esofágico e do sono, realizados para
comprovação, foram normais.
O EEG
mostrou-se alterado, mas após sua repetição com eletrodos zigomáticos,
apresentou-se normal. Foi acompanhada pelo serviço de Foniatria e Intervenção
Precoce, que diagnosticou dificuldades de interação mãe x bebê: embora o mesmo
buscasse a figura materna constantemente, tendo sugerido reorganização da área
sócio-afetiva.
No 16° dia
de internação, a criança apresentou vários episódios de vômitos, quando foi
prescrita sonda nasogástrica (SNG) para realimentação. Nesse mesmo dia
apresentou três episódios de apnéia, vistos somente pela mãe, e a criança
estava sempre no colo da mesma. No 24° dia de internação, a paciente
encontrava-se muito sonolenta e hipotônica, a dosagem do fenobarbital era
62ggiml, sendo que cinco dias antes era de 25,811g/m1 (normal. 10 a 25ggim1). A
criança estava recebendo dose não tóxica (dose menor que 30ggim1), e a mãe foi
vista pelos auxiliares de enfermagem com um vidro de fenobarbital, fato que
justificou como "não ter jogado fora a medicação até o momento".
No 31° DI,
apresentou episódios de engasgos durante alimentação. No dia seguinte,
novamente crise de apnéia vista pela mãe, e não pela enfermagem, que descreveu
no prontuário criança em bom estado geral, ativa e sorridente. Ao final da
manhã do mesmo dia, mãe relata nova crise convulsiva que ninguém viu.
No 33° dia
de internação, a paciente apresenta episódios de vômitos pós-alimentares, e a
mãe insiste com o médico assistente que haveria algo no estômago da criança.
Foi feito uni REED que demonstrou uma imagem no estômago, sugestiva de corpo
estranho na endoscopia digestiva alta foi encontrado um fragmento de cimento de
parede, que segundo a mãe, foi oferecido pela irmã de 3 anos que costumava dar
terra para a criança em casa, porém a paciente não havia recebido visitas da
mesma. Então, o Comitê dos Direitos da Criança do serviço foi acionado, e no
35° dia de internação foi decidido pela suspensão da venóclise e dos
anticonvulsivantes. A partir disso,
iniciou-se vigilância da mãe 24 horas por dia pela equipe. A paciente
manteve-se sem sintomas até a alta no 75° dia de internação.
Socialmente,
esta família era composta pelo casal e três filhos (um menino de cinco anos,
uma menina de três anos e a paciente de cinco meses). O pai, com 26 anos,
trabalha como operador de máquinas. A mãe, de 25 anos, é do lar, tem uma
história pregressa de ter vivido na FEBEM até os cinco anos de idade, quando
foi adotada por uma família na qual sentia-se rejeitada. Durante a entrevista,
mostrou-se ansiosa, mas não demonstrou seus sentimentos. Negou todas as nossas
alegações e recusou-se a fazer qualquer tipo de tratamento. O pai mostrou-se perplexo com a história da
situação clínica da filha. O Conselho Tutelar foi acionado e após
exaustivas negociações com os familiares, os pais perderam o pátrio poder,
sendo deferida a guarda da paciente para a madrinha, a qual morava no terreno
da casa dos pais. Sabe-se que 2 meses
após, a criança chegou em outro hospital já falecida, e segundo laudo do Médico
Legista a causa mortis foi edema agudo de pulmão”.
Como vimos Síndrome de Munchhausen por procuração
além de causar enorme sofrimento à criança com medicações e tratamentos
desnecessários, pode matar.
Infelizmente inocentes têm sido vítimas de
genitores cruéis. Se o seu filho ou filha apresentam “doenças que não saram”,
desconfie. Procure o pediatra e fale da
sua suspeita. É sempre melhor prevenir que remediar.
Alienadores parentais são psicopatas e um psicopata
prefere matar que perder!
Nenhum comentário:
Postar um comentário