Diálogo transcrito foi gravado por um pai no dia de
convivência com a filha. A garotinha completou 4 anos e vive na casa com um
padrasto desde os 2 anos.
(...)
- Você sabia que na minha escola vai ter festa do dia
dos pais?
- Não, não sabia! Quando vai ser?
- Não sei, só
o meu pai e minha mãe que sabem.
- Mas o seu pai sou eu!
- Não é! Meu
pai é o ‘João’.
- Mas você vai me convidar pra ir na festinha?
- Eu queria, mas não posso. Na escola só pode ter UM pai e eu já tenho.
- Mas eu sou seu pai.
- Não é,
mas mesmo que fosse, a escola já sabe quem é meu pai e não vão deixar
você entrar na festa.
- Você fez o presentinho do papai?
- Fiz, eu vou trazer da escola e vou dar para o meu pai.
- Mas seu pai sou eu.
- Eu fiz um presente de lacinho e vou dar para o meu
pai ‘João’.
- Mas, por que você vai dar para o João se eu sou seu
pai? Eu sou seu pai e os presentinhos que você fizer na escola são meus,
porque, é do dia dos pais.
- Tá, mas eu vou buscar. Está na escola guardado no
armário. A professora guardou, mas eu tenho que dar pra o meu pai, porque, é
dia dos pais.
- Pede um convite na escola pra você me convidar.
- Tá, eu vou pedir, mas você tem que ficar bem
quietinho pro meu pai não te ver. Se
o meu pai te ver ele vai ficar bravo que eu te convidei. E também a “Pro” (se
referindo à professora) não pode te ver, porque,
ela sabe que o João é o meu pai.
- Tá bom, vou olhar de longe.
- Não pode. Lembrei de uma coisa. A Diretora tem um
papel que fala que você não pode entrar na escola.
- Quem te falou isso?
- Eu escutei minha mãe falando com a Diretora e ela
disse: - Pode deixar, aqui ele não pisa e nem entra pra ver ou falar com a
“Maria”.
Conversas como essas, infelizmente têm sido comuns
entre alienados e filhos. Alienadores interferem na formação psicológica da
criança e ensinam a chamarem a madrasta ou padrasto de ‘mãe’ ou de ‘pai’, sem
se preocuparem com a confusão que se estabelece na cabeça da criança e isso é
alienação parental instalada de forma insidiosa e sutil.
A devastação
psíquica criada pela invenção de históricos que nunca existiram chegam a ser um
abuso infantil. Por medo de perder o amor do guardião a dependência da relação
com o genitor alienante chega a ser patológica e a criança passa a
falar e a fazer tudo que o alienador pedir sem questioná-lo, além de aceitar
tudo como verdade absoluta.
Em
várias avaliações psicológicas feitas por mim ouvi crianças dizerem:
-
O ‘José’ era meu pai, mas ele me batia quando eu estava na
barriga da minha mãe e por isso ela trocou de pai e agora não
é mais ele.
-
Minha mãe contou que meu primeiro pai não gostava de mim e foi
embora de madrugada e quebrou meu berço pra eu morrer, mas eu não morri. Agora
tenho um novo pai.
-
Meu pai falou que mãe é a que cria e que minha outra mãe abusou de mim, por
isso, agora eu tenho uma nova mãe.
Nas
Varas de família tanto se fala nos Melhores Interesses da
Criança, enquanto os interesses do pai ou da mãe alienado são jogados para
escanteio. Ninguém volta os olhos para privação do genitor ausente. Esse
descaso chega a ser cruel com quem ama. O alienado e seus familiares ficam no
limbo da privação e o poder familiar fica reduzido a quase nada. O 'fiel da
balança' é o guardião e ao pai ausente cabe o papel de fiscalizador sem
voz.
O guardião alienador confunde a custódia
física com poder familiar e o outro fica reduzido a um fluido ou a ‘nada’ ou a quase
nada. O genitor alienante retira o poder familiar do genitor e dá ao padrasto
ou madrasta.
O amor não é um afeto vazio. Se constitui na
convivência e precisa de vínculo para existir. O amor não se dá na esfera
virtual, ele necessita de afeto, atenção e intimidade. Filhos que sofrem com
alienação parental precisam 're-conhecer' o genitor alienado para que as boas
lembranças voltem à consciência, mas alienador e judiciário não têm permitido
que pais e filhos se reconectem.
Domingo é dia dos pais, mas muitos padrastos
irão desfrutar da companhia da criança em detrimento da figura paterna por
culpa do judiciário que empodera genitores com guardas unilaterais, fecham os
olhos para alienação parental e têm MEDO DE USAR A CANETA para assinar decisões
que equilibrem o tempo de convivência da criança com ambos os genitores.
Pai é pai, padrasto é padrasto. Mãe é mãe,
madrasta é madrasta. Cada um tem sua função e seu papel e os genitores devem deixar
isso claro para criança que fica totalmente confusa e em conflito sem saber ao
certo ‘quem é quem’ e acaba sem querer magoando os genitores com diálogos como
os citados no início do documento.
A função do padrasto é cooperar de forma
paralela na educação da criança, jamais a de competir com o pai!
Padrasto deve ser coadjuvante e pai o ator principal.
A todos que não poderão conviver com filho no
próximo domingo, desejo persistência e insistência na luta contra alienação
parental. Por mais difícil que esteja, nunca desistam de salvar as crianças do
patológico genitor alienante.
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