Hoje resolvi escrever
para uma série de genitores que tratam os filhos já crescidos de modo
infantilizado.
A
maioria dos adultos tende a alterar a fala quando interage com bebês, mudam a
entonação da voz e dizem as palavras mais pausadamente, forma de expressão
chamada tatibitate, também conhecida como ‘mamanhês’, ‘papinhês’ ou ‘nenenês’,
mas tem genitores falando para crianças de 5, 6, 7....10 anos:
-
“Totoso”;
- “Xerosim do papai/da mamãe”;
- “Té
papá, nenê?”;
- “Té
nana?”,
-“Pincípe,
pincesa’, entre outras.
Os
genitores devem fazer o filho crescer bio-psico-emocionalmente e não fazerem a
manutenção de comportamentos de quando eram bebês.
Tenho
estudado o fenômeno e estou levantando hipóteses de que genitores alienados param no tempo em que moravam na mesma
casa que a criança.
Poderíamos resumir o
drama do adulto da seguinte forma: um dia a realidade da alienação parental o
atingiu intensamente, abrindo feridas profundas e difíceis de fechar,
alijando-o do filho.
Frágil, perdido e
impotente, paralisou no tempo e não pôde
prosseguir o acompanhamento da evolução da criança.
Quando consegue algum
contato com o filho anos mais tarde, vê que o corpo da criança cresceu, mas o
genitor que passou tempos ausente continua sentindo
e percebendo o filho pela estreita janela de suas lembranças de quando
conviviam diariamente.
Mas o tempo passou.......e
o relacionamento entre genitor ausente e filho fica desajustado: querem brincar
de ‘faz de conta’ com mocinhas de 15 anos, colocar fraldas em crianças de 6,
dar mamadeira para infantes de 11 anos.
Dia desses um pai
estava procurando desesperadamente cartinhas de Pokemon, porque havia finalmente
conseguido regulamentar as visitas, só que o rapaz já está com 16 anos e
certamente tem outros interesses.
Parece que para ‘defender-se’
da dolorida ausência o genitor alienado cria fantasias, constrói ilusões, ergue
muralhas e trava guerras imaginárias para sobreviver emocionalmente como se os anos não estivessem passando.
Suas dores e dificuldades
acentuaram-se quando não consegue perceber que o filho cresceu e se tornou outra pessoa bem diferente
daquela criança de outrora.
Cabe ao genitor sair do
estado de inércia que se encontra, enfrentar sua dor e continuar. Necessita reconhecer que tem que se
apresentar ao filho e iniciarem nova vida. Necessitam se conhecerem de
novo. O filho ‘infantil’ não existe mais.
Constantemente nos
deparamos com a imensa dor daqueles que se sentem cansados, ‘perdidos’ e
impotentes para enfrentar a própria realidade. Por vezes, lutam para encobrir,
de si mesmos, as feridas latentes que essa ausência causou. Mas, para aceitar o filho crescido, é
preciso ter a coragem de descortinar a realidade íntima e perceber que a
infância está vencida e infelizmente o tempo perdido não volta mais!
Não adianta chorar o
leite derramado, porque os dias só andam para frente. O genitor ausente não vê a troca de dentes, o
balbucio das primeiras palavras, os passinhos se firmando, a evolução da coordenação
motora, a construção das frases com erros de concordância, o primeiro dia da
escola, o batismo, a primeira comunhão, a formatura, os fios de bigode crescendo,
a primeira menstruação....
Geralmente
o adulto alienado quando volta a ter contato com filho desperdiça precioso
tempo buscando culpados, quando seus esforços deveriam ser direcionados para
resgatar a condição de pai ou mãe.
Muitos filhos alienados
quando voltam para o convívio com genitor ausente, vem muito ‘revoltado’ e se achando senhor/as de si:
“Eu
posso! Eu quero! Como ousa me contrariar?” Arrogantes, caprichosos, vaidosos e
individualistas. Atropelam os outros e a realidade, para impor a sua vontade e mando.
Não consideram, sequer, que o outro exista e possa pensar ou fazer diferente
dele. Não aceita a autoridade do pai ou mãe que esteve ausente e não enxerga
ninguém e nada, além de seus caprichos. Usam as pessoas para satisfação de suas
necessidades, depois as descartam sem ao menos dizer: obrigado.
Os
filhos rebeldes querem convencer o mundo, a qualquer custo, de sua verdade, não
aceitando serem contrariados. Vaidoso, gostam de ser o centro das atenções e de
ter o seu ego afagado e para isso eliminam o novo/a companheiro/a do genitor
que esteve ausente, transformando a relação do casal num verdadeiro inferno.
Desejam
ser servidos, e prontamente atendidos, em todas as suas necessidades,
apresentando grande dificuldade para lidar com contrariedades.
Não cumprem as regras
da casa, não aceitam limites e não querem responsabilidades. E é ai que entra o
descontentamento dos novos companheiros do genitor alienado.
O genitor que
infantiliza o filho com medo de perde-lo de vista de novo, deixa de colocar
regras e limites e na casa ‘tudo pode’.
Criança
precisa de educação, zelo, respeito, toque e carinho, e também disciplina
ordenada, que é o sentido de organização pessoal. Criança precisa aprender
desde cedo a agradecer a todos que lhe cuidam. Precisam aprendem a
agradecer pelo bolo de chocolate feito pela esposa do pai, precisam agradecem a
carona dada pelo marido da mãe, os presentes dados pelos avós, etc.
Não é
bom tratar uma criança com mimos exagerados, pois ela se tornará um adulto
extremamente exigente nos relacionamentos sejam eles amorosos afetivos,
familiares, profissionais. Filhos
precisam ser educados e estruturados para o crescimento e não para regressão.
Querendo
agradar o filho em TUDO, certos pais/mães têm
deixado os companheiros de lado nos dias de convivência com a criança.
Tem
pais/mães mandando a/o nova/o companheira/o dormir no sofá para dar lugar na cama pra criança. Muitos vão para
shoppings, parques temáticos, passeios de balão, de quadriciclo, tirolesa,
finais de semana em chalés no campo e outros compromissos em dupla e se esquecem de agregar novo
filho e ou nova esposa/marido.
Ser
maduro é ter uma personalidade singular com boa capacidade crítica para separar o que é bom para si e para todos da
família. Novos companheiros não
devem ficar alijados do contato com a criança. Quem se casou tem uma nova
família, muitas vezes com filhos e os irmãos devem fazer atividades juntos.
Nada de se trancar no quarto para jogar vídeo game com o filho mais velho e
deixar o outro chorado atrás da porta.
O mesmo conselho serve para agregar outros membros da casa. Tem
gente usando a companheira para lavar, passar, cozinhar, limpar como se ela
fosse empregada da criança, mas na hora do passeio a “Escrava Isaura” fica na
senzala.
Muitos genitores sequer permitem que a
companheira/o possa entrar no próprio quarto para tirar uma soneca após o
almoço, porque a criança quer, por exemplo, assistir filme na cama do casal.
Felizmente
o humano é racional e pode mudar em qualquer época da vida. Se você está agindo
assim, mude. Não cometa injustiças
com seu/sua parceiro/a que é seu suporte emocional
no restante dos dias do mês.
Seja o
autor de uma nova história. Aja com seu filho de acordo com a idade cronológica
dele. A infantilização é a negação da realidade é um artifício
utilizado para fugir da "dor do crescimento", mas olhe ao redor e
perceba que seu filho cresceu e não há mais necessidade de trata-lo como um
bebê indefeso.
O papel do pai e mãe é de educar e orientar e é só ensinando limites
que eles irão respeitar o novo espaço em que vive sua família extensa com meio irmãos,
mãe e avós destes.
Não
torne desconfortante um final de semana que deveria ser
maravilhoso para todos. Reúna a família. Cada integrante deve somar e não
dividir o amor.
Felicidades pra todos!
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