domingo, 5 de junho de 2016

Olho ao redor e o que vejo são mentiras.

Esse belo poema se chama ‘NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI’ e é de autoria de Eduardo Alves da Costa, ao qual peço a licença para interpretar à luz da teoria da alienação parental.

           "[...]
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"

No final do casamento ou início da separação é bastante comum que o genitor alienador inicie os pequenos e sutis atos de afastamento da criança com o genitor ausente.

Logo na primeira semana é comum e esperado que pai ou mãe que saiu de casa queira passar o final de semana com o filho, mas o guardião inventa uma série de pequenos empecilhos: Hoje, não. Está chovendo e é melhor que ele fique em casa para não ficar resfriado... Ah, esqueci de te dizer, sábado é aniversário da minha sobrinha e será num Buffet bem bacana, cheio de brinquedos, melhor você buscá-lo no outro final de semana...Puxa, estou tão triste com nossa separação, deixe que ele fique comigo, porque, estou muito depressivo (a) e não suportaria ficar sábado e domingo sem nosso filho...Ele está tomando antibiótico, por favor, pegue-o apenas na semana que vem...Meus pais viram que nosso filho estava muito triste e resolveram levá-lo à praia.

Deixe o menino se divertir, por favor, não faça o menino sofrer mais do que já está sofrendo...etc.

“Roubaram a flor do teu jardim” e você não disse nada. Engoliu a resposta calado, talvez até sentindo uma ‘culpa’ quem nem sabe de onde veio para lhe esmagar o peito.

Durante a semana você tenta telefonar para o filho e quem lhe tem sob o mesmo teto inventa que ora ele está dormindo, ora estudando, noutro momento está no parquinho, agora está jantando, outras vezes está na casa do coleguinha, da avó, da tia, ou simplesmente a criança: não quer falar contigo.

Quinzena seguinte não suportando a saudade do filho você vai até a porta da antiga casa, aperta a campainha, bate palmas, grita o nome da criança. O eco soa por toa a rua, mas ninguém aparece.

Onde foram? O que aconteceu? Telefone do genitor guardião cai na caixa de mensagens e você percebe foi bloqueado no WhatsApp!

Recorrer à quem? Melhor ir à casa dos avós, na certa o infante estará lá!
Chegando à residência dos idosos percebe que estão só e dizem que não têm a menor ideia de onde está o neto.

Você indignado, ressentido, magoado, entristecido, com raiva e com uma série de sentimentos que sequer sabe nomear, vai pra casa e impacientemente tenta sem sucesso algum contato telefônico ou via Redes Sociais.

Dormir, nem pensar, porque: “Nos dias que correm a ninguém é dado repousar a cabeça”.

Como os dias só andam pra frente, a tão esperada segunda-feira chega, mas não com boas notícias pra você. Por causa do número de ligações telefônicas e por você ter ido à casa dos sogros “importuná-los”, sua ex foi até a Delegacia de Defesa da Mulher e pediu uma Medida Protetiva baseada na Lei Maria da Penha para mantê-lo afastado dela e de sua parentela por no mínimo 200 metros. Afirma que você grita, é violento e que seu filho fica apavorado quando você chega perto dele e por fim, com um discurso de vítima, consegue que a Medida Protetiva se estenda à criança.

“Na segunda noite, já não se esconderam; pisaram as flores, matam seu cão, e você não disse nada”. Resignado comentou com um ou dois parentes, mas se conformou. Aceitou sem se opor, sem buscar ajuda de mediadores ou do judiciário, não entrou Ação de Regulamentação de visitas, não pediu Busca e Apreensão do menor, tudo pra “resguardá-lo”, afinal, a medida de afastamento é para seis meses, ‘e o tempo passa rápido’.

Transcurso esse período você volta à casa do filho.

Cento e oitenta dias foi tempo mais que suficiente para o alienador implantar as falsas memórias e exigir da criança um ‘pacto de lealdade’ e o pequeno, morrendo de medo diz que não quer ir pra sua casa, que te odeia, que quer ficar com o alienador, agarra-se à roupa deste e você sentindo pela primeira vez que a coisa é séria resolve ‘bater o pé’ e levar a criança contra vontade.
O genitor alienador não vai gostar nada da sua postura (que ele pensava ser de um eterno passivo) e na volta desse dia de convivência o alienante fará a última e mais PERVERSA tentativa de impedir o contato entre filho e genitor ausente: a falsa denúncia de abuso sexual.

A criança sabe o que o genitor alienador espera dela e após a oitiva deste na Delegacia, a criança REPETE O MESMO DISCURSO e CONFIRMA que houve o abuso.

“Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”.

Diante do Inquérito Policial instaurado, você resolve procurar um advogado.

Muitas vezes, pais/mães e avós acusados pedem ‘favores’ para parentes ou amigos recém-formados para acompanharem o caso. Acontece que no Direito como em várias outras profissões temos as especialidades. Se vamos fazer uma cirurgia cardíaca não procuramos um ortopedista, da mesma forma, para um processo na Vara da Família, não é aconselhável contratar um amigo que faça preço ‘camarada’ se ele é advogado trabalhista! E se no momento você precisa de um criminalista, não adianta pagar barato para um advogado Previdenciário.

Ano passado me procuraram para que eu desse minha opinião no que deveria ser feito num caso de falsa acusação de abuso sexual em que o advogado era especialista em Direito Imobiliário, mas era irmão do acusado. Indiquei um Parecer sobre os atos de alienação parental explícitos no processo que continha ao longo dos anos, 10 Mandados de Busca e apreensão da criança e 7 Medidas Protetivas baseadas na Lei Maria da Penha, mas o Doutor renomado especialista em Assessoria jurídica na compra e venda de imóveis e que sabia tudo sobre lavratura de registros e escrituras executava cobrança de despesas condominiais, disse que era melhor aguardar e não acatou a sugestão para acabar com o inquérito ‘no ninho’!

O inquérito Policial se transformou em Processo e Ministério Público ofereceu denúncia e pediu a prisão do acusado.  Juiz sentenciou sem levar em conta os Laudos da peritagem favoráveis ao acusado e a pena imposta foi de 10 anos em regime fechado. Cabe ressaltar que em tempo algum o advogado achou necessário a indicação de um Assistente Técnico.

Em média a demora no Brasil, do dia que se protocola a petição até o resultado do estudo Psicossocial é de um ano a dois anos. Tem criminais que já duram cinco, seis, sete anos. Imaginem a angustia do acusado sem saber se serão condenados ou absolvidos.

No judiciário tudo é moroso. Se você quer resultado para ano que vem, comece a agir AGORA.

Logo na semana da separação devem entrar com Ações de Regulamentação de visitas, alimentos, divisão de bens e ou para detectar Alienação Parental se esta já vinha ocorrendo na constância do casamento e se agravou logo nas semanas seguintes.

Termino com trechos do poema acima citado que muito representa o acusado frente ao judiciário:

             “Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo (operadores do Direito),
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir:
São mentiras!

Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.

A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ninguém ao nosso lado,
a nos ajudar no plantio.

Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.

Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.

Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.

Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

Mentiras, mentiras e mentiras criadas pelo genitor alienador, mas todas passam despercebidas pelos despreparados profissionais que assumem os casos mesmo que não tenham competência pra tal.



Um comentário:

  1. Estou a nove anos com meu marido e ele tem um filho de 12 anos, desde o início acompanho a alienação e apesar de indicar que ele entrasse com psicólogo, pedisse a guarda, o tempo passou. Muita coisa aconteceu e não cabe aqui expor, mas hj quando meu enteado vem em casa é como se visitasse um tio distante, querido, mas que não faz falta no dia a dia. Alguem que tem a obrigação de realizar suas vontades, mas que não merece respeito nem educação. Vejo meu marido nos textos, mas cansei de tentar mostrar o caminho. Hj com meu filho, procuro o melhor para ele, não posso carregar a cruz do outro...

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