Depois
da morte de dois clientes por suicídio no ano passado, tenho me preocupado
bastante com pais, mães e avós que sofrem com atos de alienação parental,
principalmente com os que estão sofrendo falsas acusações de abuso sexual.
Profissionais
e familiares são de extrema importância no acolhimento correto de quem sofre e
relata o desejo de colocar fim à vida ou de fazer justiça com as ‘próprias mãos’.
Que
atire a primeira pedra o alienado que já não teve vontade de matar ou morrer,
mas essas duas são as piores opções possíveis para casos de alienação parental.
Sei
que o sentimento de injustiça é grande e a morosidade do judiciário maior
ainda, mas temos que pensar no melhor interesse da criança e ter genitor/a
preso/a ou morto, não é do interesse de nenhum filho.
A
criança precisa de um genitor forte, que possa provar aos operadores de Direito
os atos de alienação parental cometidos pelo outro genitor e morto ou
encarcerado ninguém consegue fazer isso.
Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS):
Para
cada suicídio há, em média, 5 ou 6 pessoas próximas ao falecido que sofrem consequências
emocionais, sociais e econômicas. O sofrimento do/a suicida acaba, mas em
contrapartida o de seus pais, irmãos, filhos, namorada/o, amigos, etc.,
aumentam. É justo sair de cena e deixar os outros com o sentimento de
indignação e perplexidade?
Impulsividade,
ansiedade, depressão, perdas recentes (emprego, separação, ausência de filhos) são
as causas que mais levam ao suicídio.
Fique
alerta aos sintomas de depressão e procure imediatamente um médico psiquiátrico
(encontrado na rede pública) se perceber que os sintomas a seguir estão presentes
há mais de duas semanas e trazem sofrimento significativo, alteram sua vida
social, afetiva ou laboral.
Se
você tem se sentido triste, durante a maior parte do dia, quase todos os dias,
se perdeu o prazer ou o interesse em atividades rotineiras, se está sentindo irritabilidade,
desesperança, queda da libido, se perdeu
peso ou ganhou peso (não estando em dieta), se tem dormido demais ou de menos,
ou se tem acordado muito cedo, se sente-se cansado e fraco o tempo todo, sem
energia, se sente-se inútil, culpado, um peso para os outros, se sente-se ansioso e com dificuldade em
concentrar-se, tomar decisões e dificuldade de memória, se tem pensamentos frequentes
de morte e suicídio, procure AJUDA.
Familiares
que convivem com alienados, cuidado com as atitudes que conduzem a erro no
diagnóstico e no tratamento do paciente deprimido. NUNCA DIGA:
“No
lugar dele eu também estaria deprimido.”
“Esta
depressão é compreensível, não
precisa tratar.”
“Depressão
só dá em quem tem fraqueza de caráter.”
“Você
só está estressado...”
“Depressão
é uma consequência natural do envelhecimento.”
“Só depende de você: força de vontade cura a
depressão!”
“Antidepressivos
são perigosos.”
“Existem
estágios no desenvolvimento da intenção suicida, iniciando-se geralmente
com a imaginação ou a contemplação da ideia suicida. Posteriormente, um
plano de como se matar, que pode ser implementado por meio de ensaios
realísticos ou imaginários até, finalmente, culminar em uma ação destrutiva
concreta. Contudo, não podemos esquecer que o resultado de um ato suicida
depende de uma multiplicidade de variáveis que nem sempre envolve planejamento.
Existem
três características próprias do estado em que se encontra a maioria das
pessoas sob risco de suicídio:
1.
Ambivalência:
é atitude interna característica das pessoas que pensam em ou que tentam o
suicídio. Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver. O predomínio do desejo de vida sobre o
desejo de morte é o fator que possibilita a prevenção do suicídio. Muitas
pessoas em risco de suicídio estão com problemas em suas vidas e ficam nesta luta interna entre os desejos
de viver e de acabar com a dor psíquica. Se for dado apoio emocional
e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminuirá.
2.
Impulsividade: o suicídio pode ser também um ato impulsivo.
Como qualquer outro impulso, o impulso de cometer suicídio pode ser transitório
e durar alguns minutos ou horas. Normalmente, é desencadeado por eventos
negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo, o familiar pode
ajudar a diminuir o risco suicida.
3.
Rigidez/constrição: o estado cognitivo de quem apresenta
comportamento suicida é, geralmente, de constrição. A consciência da pessoa
passa a funcionar de forma dicotômica: tudo
ou nada. Os pensamentos, os sentimentos e as ações estão constritos,
quer dizer, constantemente pensam
sobre suicídio como única solução e não são capazes de perceber outras maneiras
de sair do problema. Pensam de forma rígida e drástica:
“O único caminho é a morte”, “Não há mais nada
o que fazer”, “A única coisa que poderia fazer era me matar”.
Análoga
a esta condição é a “visão em túnel”, que representa o estreitamento das opções disponíveis de muitos indivíduos em vias
de se matar. A maioria das pessoas com ideias de morte comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas, frequentemente,
dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer
pra nada”, e assim por diante.
Todos esses pedidos de ajuda não podem
ser ignorados. Fique atento às frases de alerta. Por trás delas estão os
sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.
São
quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão,
desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D). Nestes casos, frases de alerta + 4D, é preciso
investigar cuidadosamente o risco de suicídio.
JAMAIS DIGA:
“Ele está ameaçando suicídio apenas
para manipular.” – A ameaça de
suicídio sempre deve ser levada a sério. Chegar a esse tipo de recurso
indica que a pessoa está sofrendo e necessita de ajuda”.
Questionar
o parente ou amigo sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e
franco, aumenta o vínculo e a confiança. Este se sentindo acolhido por um
familiar ou amigo cuidadoso que se interessa pela extensão de seu sofrimento
poderá se sentir seguro para desabafar.
“Quem quer se matar, se mata mesmo.” – Essa ideia pode conduzir ao imobilismo
terapêutico, ou ao descuido no manejo das pessoas sob risco. Não se trata de
evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.
“Quem quer se matar não avisa.” – Pelo menos dois terços das pessoas que
tentam ou que se matam haviam comunicado de alguma maneira sua intenção para
amigos, familiares ou conhecidos.
“O suicídio é um ato de covardia (ou de
coragem)”. – O que dirige a ação
auto-inflingida é uma dor psíquica insuportável e não uma atitude de covardia
ou coragem.
“No lugar dele, eu também me mataria.” – Há sempre o risco de o familiar
identificar-se profundamente com aspectos de desamparo, depressão e
desesperança de seu parente, sentindo-se impotente para a tarefa assistencial. Há
também o perigo de se valer de um julgamento pessoal subjetivo para decidir as
ações que fará ou deixará de fazer, por isso, é importante procurar urgente ajuda médica.
Como
ajudar a pessoa sob risco de suicídio?
Quando
as pessoas dizem “eu estou cansado da
vida” ou “não há mais razão para eu viver”, elas geralmente são rejeitadas,
ou então são obrigadas a ouvir sobre outras pessoas que estiveram em
dificuldades piores. Nenhuma dessas
atitudes ajuda a pessoa sob risco de suicídio.
O
primeiro passo é achar um lugar adequado, onde uma conversa tranquila possa ser
mantida com privacidade razoável.
O
próximo passo é reservar o tempo necessário. Pessoas com ideação suicida
usualmente necessitam de mais tempo para deixar de se achar um fardo. É preciso
também estar disponível emocionalmente para lhes dar atenção.
A
tarefa mais importante é ouvi-las efetivamente. Conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o
nível de desespero suicida. O objetivo é preencher uma lacuna criada pela
desconfiança, pelo desespero e pela perda de esperança e dar à pessoa a
esperança de que as coisas podem mudar para melhor.
Vivos
podemos encontrar soluções, mortos, não. Procure ajude psicológica e médica
psiquiátrica. Não enfrente sozinho o que você pode enfrentar junto com alguém!
Se
você precisa desabafar, ligue para “Amigos da vida” (19)
3231-4111 ou para “Centro de valorização da
vida” (19) 3231-4111. Para telefones em sua cidade, acesse os sites:
Fonte:
WERLANG, B.G.; BOTEGA, N. J. Comportamento suicida. Porto Alegre: Artmed
Editora, 2004
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