Ontem seria
aniversário do meu pai. Ele adorava
festejar os anos! E no dia 23 de abril do ano passado, me disse:
- Tatá, você acha
que vivo mais uns 20 anos pra ver a Luiza ter filhos?
Vinte e sete dias
depois ele teve um AVC fazendo o que mais gostava, jogando Truco no Campo de
Malha.
Quem me conhece há
mais de 10 meses sabe que do momento que me chamaram no Pronto Socorro, ainda
aqui no meu bairro, eu fiquei com ele até o momento da morte. Depois que o
colocaram no ‘saco preto’, fui tomar frente aos preparativos para o enterro e
assim que o corpo chegou no velório, fiquei de mãos dadas com ele até o caixão
ser fechado.
Foram 14 dias de
hospital. Levei o notebook e trabalhei de lá, sentada em uma cadeira ao lado da
cama dele.
Da hora que entrei
na ambulância e seus olhos verdes me olharam perguntando ‘onde estou’ eu
percebi que meu pai estava concluindo
o ciclo da vida e que eu teria muito pouco para desfrutar da presença dele.
Meu pai foi muito importante na minha constituição como pessoa
e não tem um dia sequer que eu não me lembre de um ensinamento, uma frase, um
modo do meu pai pensar a vida.
A morte nos traz
lembranças de tempos passados. Semana passada perdi meu tio e me coloquei a
refletir como fui feliz por ter pai,
mãe, tios, tias, marido de tio, marido de tia, primos e avós paternos e
maternos todos convivendo sem problemas.
Nós nascemos
vazios. Um bebê não sabe nada e somos
nós, seus parentes que damos a ele os valores éticos, morais, culturais,
sociais, religiosos e quanto mais pessoas tiver pra fazer isso, melhor.
Nós somos a soma de pessoas que passaram na
nossa vida. Felizmente nós aprendemos através das experiências de outras
pessoas. E quanto mais ensinamentos tivermos, mais socializados seremos. Sempre
ouvimos que a criança é um ser em formação, mas o que isso quer dizer?
Quer dizer que ela não sabe nada do mundo e que nós todos que a cercamos vamos
ensinar.
Cada um vai dar a
ela um pouco de sua própria experiência. Somos professores e não dá de forma alguma pra uma
criança ter apenas um
professor.
Na escola temos
professores de matemática, português, geografia, história, física, química,
inglês e depois outras tantas nos cursos superiores.
Se uma criança aprendesse apenas uma matéria ela ficaria em déficit
com a outra, por isso, não é bom
que uma criança seja criada apenas por um dos genitores ou que este conviva com
filho em tempo desequilibrado.
Se uma família
composta por um dos genitores, avós,
tios, primos conviverem 3 dias por
mês com a criança é claro que vai ensinar muito
menos dos que os que convivem 27
dias.
Nós criamos uma criança para que ela possa ter sua própria visão de
mundo no futuro e pra que isso seja possível, temos
que lhe proporcionar possibilidades de conhecer o mundo através de toda sua parentela
por mais diversa que ela seja.
A criança tem que juntar todos esses conhecimentos, fazer uma
síntese, ou seja, ela vai reunir vários
conceitos, vários ensinamentos diferentes e rejeitar e ou absorver alguns ao se
tornar adulta. Eu, você e cada um
de nós humanos somos uma soma de todos que passaram por nossas vidas.
Depois de vocês eu
não sou mais a mesma de antes. As experiências e os compartilhamentos das
histórias de vida que cada um me conta,
me acresce, me torna maior, mais sábia, mais consciente das barbáries que os
alienadores cometem. Vocês me alimentam e me dão forças pra lutar para que as crianças possam viver com
toda sua parentela extensa. Da mesma forma, vocês não são mais os mesmos de
antes de me conhecerem. E é isso que desejo que cada um reflita: o filho
necessita de sua presença pra ‘te conhecer’, para aprender e apreender o que
você tem pra compartilhar com ele.
Nós não podemos compactuar com a crueldade cometida pelos alienadores
parentais. Não podemos compactuar com a guarda
unilateral.
Um filho precisa receber “aulas de todas as
matérias” para se formar um adulto saudável.
Meu pai e meu tio
que faleceu semana passada terminaram o ciclo da vida. De uma vida muito bem
vivida no sentido de terem ensinado a mim e aos meus primos os valores éticos, morais, culturais,
sociais, religiosos que acreditavam.
Sem a convivência com meu pai eu não seria eu. Seria uma outra Liliane. Eu seria incompleta. Faltariam a mim os ensinamentos que vieram dele.
Diante do meu tio
morto passei a refletir no que será dos filhos alienados quando se depararem com a finitude do genitor ausente.
Se forem crianças o genitor alienador não vai
levar nem ao velório nem ao enterro.
Se for adolescente
ele não irá querer ir porque
está alienado no estágio III e já internalizou o discurso do genitor alienador.
Mas e se for adulto? O que acontecerá? O filho terá
‘remorso’?
Será que o filho alienado....terá arrependimento de não ter convivido com o pai?
Quais
sentimentos vai
experimentar o filho alienado adulto diante do pai morto?
Sabemos
que o remorso é mais intenso que a tristeza e implica um estado de longo prazo. O remorso é um sentimento sobre os acontecimentos e atitudes do passado. É
a sensação do que não era para ser dito, do que não era para ser feito e se a
pessoa não se cuidar o remorso pode se tornar uma doença, as famosas
psicossomáticas.
E
vocês, pais, mães, avós, tios alienado. Terão
remorso de alguma coisa não feita ou estão com sensação de missão cumprida?
O
que você tem feito para conscientizar as pessoas sobre o hediondo crime chamado
alienação parental?
O genitor que se cala é tão ou mais culpado que o genitor
que pratica a alienação parental.
Dia
25 de abril é o dia Internacional da conscientização dessa prática que separa
as crianças de sua parentela.
Não fique no
comodismo de sua casa dando curtidas no Facebook.
Venha se encontrar
comigo e com vários outros pais no Fórum da João Mendes em SP - Capital no dia 25 de abril, das 10 às 18
horas.
Grande abraços a
todos.
É muito triste de ver estas pessoas, que dizem bem sucedidas, mas no fundo são pessoas vazias, que acham que o dinheiro e bens materiais, são mais importantes, não digo que não seja também, mas não é mais que convivência, amor e carinho, por traz da Alienação Parental esta os interesses pessoais e financeiros, sem isto não haveria o porque !
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