domingo, 24 de abril de 2016

Quais sentimentos vai experimentar o filho alienado diante do pai morto?

Ontem seria aniversário do meu pai. Ele adorava festejar os anos! E no dia 23 de abril do ano passado, me disse:
- Tatá, você acha que vivo mais uns 20 anos pra ver a Luiza ter filhos?
Vinte e sete dias depois ele teve um AVC fazendo o que mais gostava, jogando Truco no Campo de Malha.
Quem me conhece há mais de 10 meses sabe que do momento que me chamaram no Pronto Socorro, ainda aqui no meu bairro, eu fiquei com ele até o momento da morte. Depois que o colocaram no ‘saco preto’, fui tomar frente aos preparativos para o enterro e assim que o corpo chegou no velório, fiquei de mãos dadas com ele até o caixão ser fechado.
Foram 14 dias de hospital. Levei o notebook e trabalhei de lá, sentada em uma cadeira ao lado da cama dele.
Da hora que entrei na ambulância e seus olhos verdes me olharam perguntando ‘onde estou’ eu percebi que meu pai estava concluindo o ciclo da vida e que eu teria muito pouco para desfrutar da presença dele.
Meu pai foi muito importante na minha constituição como pessoa e não tem um dia sequer que eu não me lembre de um ensinamento, uma frase, um modo do meu pai pensar a vida.
A morte nos traz lembranças de tempos passados. Semana passada perdi meu tio e me coloquei a refletir como fui feliz por ter pai, mãe, tios, tias, marido de tio, marido de tia, primos e avós paternos e maternos todos convivendo sem problemas.
Nós nascemos vazios. Um bebê não sabe nada e somos nós, seus parentes que damos a ele os valores éticos, morais, culturais, sociais, religiosos e quanto mais pessoas tiver pra fazer isso, melhor.
Nós somos a soma de pessoas que passaram na nossa vida. Felizmente nós aprendemos através das experiências de outras pessoas. E quanto mais ensinamentos tivermos, mais socializados seremos. Sempre ouvimos que a criança é um ser em formação, mas o que isso quer dizer?
Quer dizer que ela não sabe nada do mundo e que nós todos que a cercamos vamos ensinar.
Cada um vai dar a ela um pouco de sua própria experiência. Somos professores e não dá de forma alguma pra uma criança ter apenas um professor.
Na escola temos professores de matemática, português, geografia, história, física, química, inglês e depois outras tantas nos cursos superiores.
Se uma criança aprendesse apenas uma matéria ela ficaria em déficit com a outra, por isso, não é bom que uma criança seja criada apenas por um dos genitores ou que este conviva com filho em tempo desequilibrado.
Se uma família composta por um dos genitores, avós, tios, primos conviverem 3 dias por mês com a criança é claro que vai ensinar muito menos dos que os que convivem 27 dias.
Nós criamos uma criança para que ela possa ter sua própria visão de mundo no futuro e pra que isso seja possível, temos que lhe proporcionar possibilidades de conhecer o mundo através de toda sua parentela por mais diversa que ela seja.
A criança tem que juntar todos esses conhecimentos, fazer uma síntese, ou seja, ela vai reunir vários conceitos, vários ensinamentos diferentes e rejeitar e ou absorver alguns ao se tornar adulta. Eu, você e cada um de nós humanos somos uma soma de todos que passaram por nossas vidas.
Depois de vocês eu não sou mais a mesma de antes. As experiências e os compartilhamentos das histórias de vida que cada um me conta, me acresce, me torna maior, mais sábia, mais consciente das barbáries que os alienadores cometem. Vocês me alimentam e me dão forças pra lutar para que as crianças possam viver com toda sua parentela extensa. Da mesma forma, vocês não são mais os mesmos de antes de me conhecerem. E é isso que desejo que cada um reflita: o filho necessita de sua presença pra ‘te conhecer’, para aprender e apreender o que você tem pra compartilhar com ele.
Nós não podemos compactuar com a crueldade cometida pelos alienadores parentais. Não podemos compactuar com a guarda unilateral.
Um filho precisa receber “aulas de todas as matérias” para se formar um adulto saudável.
Meu pai e meu tio que faleceu semana passada terminaram o ciclo da vida. De uma vida muito bem vivida no sentido de terem ensinado a mim e aos meus primos os valores éticos, morais, culturais, sociais, religiosos que acreditavam.
Sem a convivência com meu pai eu não seria eu. Seria uma outra Liliane. Eu seria incompleta. Faltariam a mim os ensinamentos que vieram dele.
Diante do meu tio morto passei a refletir no que será dos filhos alienados quando se depararem com a finitude do genitor ausente.
Se forem crianças o genitor alienador não vai levar nem ao velório nem ao enterro.
Se for adolescente ele não irá querer ir porque está alienado no estágio III e já internalizou o discurso do genitor alienador.
Mas e se for adulto? O que acontecerá? O filho terá ‘remorso’?
Será que o filho alienado....terá arrependimento de não ter convivido com o pai?
Quais sentimentos vai experimentar o filho alienado adulto diante do pai morto?
Sabemos que o remorso é mais intenso que a tristeza e implica um estado de longo prazo. O remorso é um sentimento sobre os acontecimentos e atitudes do passado. É a sensação do que não era para ser dito, do que não era para ser feito e se a pessoa não se cuidar o remorso pode se tornar uma doença, as famosas psicossomáticas.
E vocês, pais, mães, avós, tios alienado. Terão remorso de alguma coisa não feita ou estão com sensação de missão cumprida?
O que você tem feito para conscientizar as pessoas sobre o hediondo crime chamado alienação parental?
O genitor que se cala é tão ou mais culpado que o genitor que pratica a alienação parental.
Dia 25 de abril é o dia Internacional da conscientização dessa prática que separa as crianças de sua parentela.
Não fique no comodismo de sua casa dando curtidas no Facebook.
Venha se encontrar comigo e com vários outros pais no Fórum da João Mendes em SP -  Capital no dia 25 de abril, das 10 às 18 horas.

Grande abraços a todos. 

Um comentário:

  1. É muito triste de ver estas pessoas, que dizem bem sucedidas, mas no fundo são pessoas vazias, que acham que o dinheiro e bens materiais, são mais importantes, não digo que não seja também, mas não é mais que convivência, amor e carinho, por traz da Alienação Parental esta os interesses pessoais e financeiros, sem isto não haveria o porque !

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