terça-feira, 18 de julho de 2017

Modelo de Transição de Residência proposto por Richard Gardner em casos de reversão de guarda.


Modelo de Transição de Residência proposto por Richard Gardner em casos de reversão de guarda. 

“Em casos severos, não existe chance de manter a relação da criança com o genitor alienado e de aliviar os sintomas da criança, a menos que haja transferência de guarda para o genitor alienado. A criança com SAP severa não aceita ordem judicial e o genitor alienador não consegue incentivar de forma efetiva a criança para que ela vá às visitas. A criança tampouco pode ser fisicamente forçada a comparecer às visitas, pois pode ficar muito assustada e fugir por acreditar que o genitor seja perigoso.

A permanência da criança com SAP severa junto ao genitor programador significa o desenvolvimento de uma patologia e até mesmo paranoia, por isso Gardner sugere a inversão de guarda. Dada a gravidade da situação familiar nestes casos, a transferência não deve ser realizada diretamente. A única forma de transferência deve ser feita via um Programa de Transição de Residência Temporário.

O Programa de Transição de Residência apresenta três níveis de restrição e seis fases de adaptação. Os níveis do programa referem-se ao grau de restrição em termos de vigilância e de contato com os genitores, devendo sempre seguir a ordem do menos ao mais restrito, de acordo com o sucesso ou malogro do programa.

O programa consiste em seis fases de adaptação e tem o objetivo de facilitar a mudança de residência da criança. Cada fase pode durar alguns dias ou semanas. No entanto, o programa deixa de ser necessário quando a criança ainda estiver visitando o genitor. O terapeuta da SAP que tem acesso ao juiz monitora problemas e dificuldades que possam surgir, reportando-as a ele para intervenções necessárias.

A primeira fase resume-se aos primeiros dias subsequentes à mudança de residência da criança para a casa de um amigo ou parente dos genitores. Não deve haver contato dos filhos com o genitor alienador nem mesmo com o parente alienado. Pequenos contatos com o genitor-alvo começam a acontecer dentro da casa transitória das crianças. Os contatos devem aumentar progressivamente em termos de frequência e duração.

Na segunda fase, a criança deve frequentar a casa do genitor alienado de forma progressiva até que passe a morar na casa deste, sua nova residência.

Na terceira fase, a criança passa a conviver com o genitor alienado, corrigindo sua percepção distorcida acerca dele, podendo ter boas experiências. Até esta etapa, contato algum com o genitor alienador deve ser permitido, pois regressões podem malograr o programa.

Na quarta fase, se houver boa convivência das crianças com o genitor-alvo e não ocorrerem tentativas de sabotagem da criança e do alienador ao programa, os primeiros contatos por telefone e email das crianças o com o genitor programador podem ser permitidos, porém monitorados.

Na quinta etapa, de acordo com o bom desenvolvimento do programa, os contatos das crianças poderão ser progressivamente expandidos até que o genitor alienador possa visitá-los na casa do genitor alienado.

Na sexta fase, as visitas das crianças à casa do genitor programador podem ocorrer desde que sua hostilidade ao alienado tenham diminuído. Em alguns casos, a última fase pode nunca ser alcançada em função de riscos maiores, por exemplo, sequestro da criança, entre outros. Nestes casos, as visitas sempre devem ser supervisionadas. O programa também prevê três níveis de restrição.


No primeiro, a criança muda-se temporariamente para a casa de um terceiro neutro. Se a criança burlar o programa, isto é, se continuar resistindo às regras e apresentar um comportamento incontrolável e se o alienador tomar atitudes no sentido de sabotar o programa, deve-se passar ao segundo nível do programa. Neste aloca-se a criança em um abrigo em razão da maior vigilância. Se ainda assim este nível falhar, o terceiro nível deve ser aplicado internando a criança em hospital psiquiátrico.” (Brockhausen, Tamara. SAP e Psicanálise no campo Psicojurídico: de um amor exaltado ao dom do amor. Dissertação de Mestrado, páginas   48/49/50)



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